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Operação Iscariotes: vídeos mostram negociação entre promotor e empresário de propina de R$ 3 milhões

Durante uma semana, a Polícia Federal do Piauí produziu provas após denúncia do empresário Junno Pinheiro Campos contra o promotor Mauricio Verdejo e do advogado André Bispo, suspeitos de exigirem propina de R$ 3 milhões, para arquivar procedimento investigatório criminal

10/09/2024 às 16h32
Por: Redação Geral Fonte: cidade verde
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Empresário Junno Pinheiro e o promotor Maurício Verdejo
Empresário Junno Pinheiro e o promotor Maurício Verdejo

Durante uma semana, a Polícia Federal do Piauí produziu provas após denúncia do empresário Junno Pinheiro Campos contra o promotor Mauricio Verdejo e do advogado André Bispo, suspeitos de exigirem propina de R$ 3 milhões, para arquivar procedimento investigatório criminal.

A ação foi realizada dentro da Operação Iscariotes juntamente com a Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Piauí (PGJ/MPPI), que nos dias 7 e 15 de agosto cumpriram mandados de busca e apreensão e foram apreendidos cerca de R$ 900 mil em dinheiro. 

 O promotor Maurício Verdejo era titular da 6ª Promotoria de Justiça de Picos, com respondência na 1ª Promotoria de Justiça de Bom Jesus e André Bispo, assessor ministerial lotado em Bom Jesus, ele foi exonerado do cargo. Os dois foram denunciados pelo Tribunal de Justiça do Piauí por prática de concussão.

Detalhamento da ação

Ao Cidadeverde.com, o delegado da Polícia Federal, Ezequias Martins, detalhou como ocorreram os encontros entre o promotor Mauricio Verdejo e o assessor André Pessoa, junto a suposta vítima.

O primeiro encontro teria acontecido no dia 26 de junho, quando o empresário teria sido abordada pelo promotor, que exigiu propina no valor de R$ 3 milhões para arquivar um procedimento investigatório criminal contra o empresário de Parnaíba, litoral do Piauí.

Depois disso, o próprio empresário acionou a Polícia Federal de Parnaíba que recorreu ao Ministério Público do Piauí. Com a denúncia, o MP pediu a colaboração da PF com recursos para produção de provas. Por meio de mensagens, o promotor exigiu que os encontros com o empresário, para receber o dinheiro, fossem feitas em sua residência, um condomínio de luxo em Teresina. 

“No primeiro momento um dos investigados, que é o promotor de justiça, marca um primeiro encontro, inclusive insiste que esse primeiro encontro seja realizado na sua residência. A vítima sugere que seja em um local público, mas ele insiste que seja realizado em sua residência em um condomínio de luxo. A vítima afirma que chegou a ser revistada e eles marcam um segundo encontro”, narra o delegado.

No segundo encontro, a vítima compareceu novamente à residência de Mauricio Verdejo com o valor de R$ 500 mil em dinheiro. Nos vídeos gravados durante os encontros, Mauricio deixava claro que extinguiria o processo e explicava ao empresário como proceder. Em todos os encontros, Mauricio Verdejo cita o assessor, André Bispo, como auxiliar no processo. Ele esteve presente nas duas ocasiões.

“Chama a atenção que o promotor afirma que vai tomar todas as providências para o trancamento daquela investigação no âmbito do MP. Após a entrega de mais meio milhão, quando a suposta vítima deixa a residência, a PF ingressa a residência e ai é feita a primeira busca. Dentro da residência foi encontrado R$ 896.100 mil. As cédulas tinham sido previamente digitalizadas pela Polícia Federal então a gente sabia que previamente eram aquelas cédulas”, explica o delegado da PF.

 

 

Uma segunda busca foi cumprida em outro locais, incluindo a casa do assessor André Bispo. Ele também já era monitorado pela polícia por estar presente em outros dois encontros. Com ele foram encontradas, dentro da carteira, 3 cédulas de R$ 200 que tinham sido previamente digitalizadas pela PF.

Com as provas, o Ministério Público do Piauí (MP-PI) denunciou o promotor e o assessor que agora podem responder pelos crimes de concussão, prevaricação, tráfico de influência e também supressão de documentos públicos.

“Tanto o promotor quanto o assessor eles respondem pelo crime de concussão, que é exigir o funcionário público vantagem em relação a função. É um crime que se consumou no momento da exigência, segundo os documentos presentes no inquérito, quando o promotor procurou a suposta vítima em um restaurante no litoral, então se consumou naquele momento. Por ser promotor de justiça, não cabia a prisão em flagrante. Nesse caso, o promotor por ter prerrogativas em razão do cargo, só poderia ser preso por crimes inafiançáveis”, explica.

Pouco mais de R$ 100 mil ainda não foram encontrados e segundo o delegado fica a cargo do Ministério Público para futura identificação do destino final. O delegado afirmou ainda que durante os depoimentos, os dois se reservaram no direito ao silêncio.

“Chama a atenção. A gente espera que as pessoas que lidam com a repressão aos crimes não pratiquem essa conduta, mas ao mesmo tempo, com esse tipo de conduta, a gente demonstra a sociedade que qualquer pessoa que pratica crime, independente da função que elas exerçam elas podem e serão responsabilizadas diante do cometimento de ilícitos”, finaliza.

O Cidadeverde.com teve acesso aos vídeos que mostram os encontros ocorridos na casa do promotor Mauricio Verdejo. Neles, o empresário Junno Pinheiro, que foi grampeado, diálogo sobre o andamento do processo. Em vários momentos, o promotor explica como deve realizar o procedimento e passa instruções ao empresário. Mauricio Verdejo também cita André Bispo, seu assessor, que auxilía no processo (veja abaixo).

Entenda o caso

O promotor de justiça foi alvo da Operação Iscariotes, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público do Piauí (PGJ/MPPI) no dia 7de agosto.

A ação foi realizada após suspeitas de que o servidor público teria exigido R$ 3 milhões para arquivar um procedimento investigatório criminal contra um empresário.

Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em Teresina, foram apreendidos R$ 900 mil, além de documentos e aparelhos eletrônicos. As apurações se iniciaram apenas há uma semana e, em razão da gravidade dos fatos, exigiu-se esforço concentrado da PF com a PGJ/MPPI.  

Em nota, o MPPI destacou que foi a própria instituição que remeteu a representação contra o promotor e ressaltou que o processo do caso está em segredo de justiça. 

De acordo com a PF, a vítima relatou que foi abordada pelo promotor em um restaurante e que ele teria dado um prazo de poucos dias para que o empresário pagasse a quantia exigida para não ser mais investigado.

Após diligências, a equipe de investigação confirmou os relatos do empresário e registrou o recebimento de parte do montante pelo promotor

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