O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) vai solicitar a reconstituição do caso de assassinato do caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto, que descarregava o caminhão, quando foi alvejado durante uma perseguição policial a um motociclista que estaria em atitude suspeita. O caso ocorreu em novembro deste ano, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina.
“A reprodução simulada dos fatos que é a reconstituição do crime é justamente para gente verificar se realmente tudo ocorreu de acordo com o que já foi apurado nos autos. Verificamos que há algumas inconsistências, temos algumas imagens, mas não podemos nos basear só nas imagens. O elemento de investigação ou de prova não é suficiente ele só se não se harmonizar com os demais.
Portanto estamos solicitando essa reprodução simulada para que a gente possa verificar se realmente aconteceu daquele jeito porque não queremos deixar nenhuma dúvida e sim a certeza”, explica o delegado Baretta, coordenador do DHPP.
O caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto morreu no dia 13 de novembro, dois dias depois de ser alvejado com um tiro, por volta de 1h, no bairro Lourival Parente, zona Sul de Teresina, quando descarregava um caminhão. Ele foi socorrido e morreu no hospital.
A família relatou que no momento do crime acontecia uma perseguição na região da PM a dois assaltantes. Um dos assaltantes foi atingido e socorrido. Ele foi liberado um dia depois e encaminhado à Central de Flagrantes. Já o caminhoneiro passou dois dias internado e não resistiu.
Dois sargentos e um subtenente da Polícia Militar do Piauí estão sendo investigados pela participação no crime. Eles foram presos preventivamente.
“Há informação nos autos que existe uma terceira, segunda pessoa, que efetuou o disparo naquela região. Portanto nós vamos tirar a dúvida. E a reprodução simulada ela é essencialmente o exame pericial que vai dá toda a dinâmica e os peritos vão dizer o que apurado e vestígios coletados. Agora nós não podemos dizer se os policiais realmente são os autores, só com o final da conclusão para que a gente elimine qualquer dúvida”, encerra o delegado.
Prisão preventiva de policiais militares
Dois sargentos e um subtenente da Polícia Militar do Piauí foram presos, nesta quinta-feira (19), em cumprimento a mandados de prisão preventiva. Os militares, lotados no 6° BPM, são investigados na morte do caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto.
Otoniel Bisneto, advogado que defende os militares, explica que os PMs foram presos suspeitos de obstrução de justiça e não pelo homicídio. Para a defesa, o tiro que matou a vítima partiu de uma terceira pessoa, supostamente, um vigilante, que presenciou a perseguição.
"A prisão, de certa forma, foi precipitada. Eles se apresentaram e foram presos hoje, supostamente, porque estavam intimidando um empresário que tem as imagens que podem inocentá-los. O tiro que matou o caminhoneiro, em tese, pelo que a gente tem informação, foi lateralizado. Ele transfixou. Não foi um tiro frontal. O que a gente se pergunta é por que esse empresário aguardou tanto tempo pra fazer esse tipo de denúncia e por que ele nunca entregou as imagens para o Ministério Público? O que ele está escondendo? É uma denúncia vazia que, inclusive, ele pode responder também porque ele prejudicou a vida de três policiais, três profissionais bastante responsáveis", argumenta o advogado.
Os militares estão custodiados e serão levados para audiência de custódia nesta sexta-feira (19). Vídeo obtido pela TV Cidade Verde mostra trecho da perseguição, o momento em que o motociclista, que estaria em atitude suspeita, é atingido e anda com dificuldade e também o caminhoneiro que após ser baleado, caminha lentamente e cai de joelhos