Atualizada às 09h
O Departamento de Polícia Científica do Piauí confirmou a presença de terbufós, uma substância tóxica usada em pesticidas, no arroz consumido por nove membros de uma mesma família em Parnaíba, litoral do Piauí, e no estômago de Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, uma das vítimas fatais.
De acordo com o perito-geral do Departamento, Antônio Nunes, o terbufós pertence à classe dos organofosforados, que podem causar sintomas graves como diarreia, convulsões, tremores, falta de ar, entre outros.
“A substância encontrada foi terbufós, é um pesticida chamado organofosforato. Ele causa diarreia, dor de barriga, convulsões, alterações no coração, tremores nos músculos, desorientação, falta de ar, etc. A primeira pessoa que morreu comeu isso, essa substância estava no estômago e nós fizemos também exame do arroz com farinha dentro que estava nos pratos e na panela também, que foi encontrado na casa. Foi feito exame nesse material e deu o mesmo inseticida, o terbufós”, disse o perito.
Antônio Nunes também destacou que análises foram realizadas nos peixes do tipo manjubinha, doados à família e consumidos no almoço. Não foi detectada nenhuma substância tóxica nos peixes.
“Além disso, foi feito teste nas manjubinhas e não foi encontrado nada ruim nessas manjubinhas, nelas não tinha nada”, reforçou.
Três mortes
Morreu na madrugada desta segunda-feira (6) Maria Lauane Fontenele, de 3 anos, que havia sido transferida de Parnaíba para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT) com suspeita de envenenamento. Além dela, Igno Davi Silva, de 1 ano e 8 meses, e Manoel Leandro da Silva, de 18 anos, não resistiram e faleceram.
Atualmente, duas pessoas seguem internadas, enquanto outras quatro já receberam alta hospitalar. Entre as internadas estão Francisca Maria da Silva, de 32 anos, e sua outra filha, de 4 anos, que também foi transferida para Teresina na última sexta-feira (3).
Francisca, mãe de Igno Davi e Maria Lauane, já havia enfrentado uma tragédia no ano passado, quando perdeu outros dois filhos. Na ocasião, as crianças ingeriram cajus contaminados com chumbinho, um veneno fornecido por uma vizinha, que foi presa pelo crime.
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Investigação descarta doadores filantrópicos como suspeitos
A Polícia Civil do Piauí descartou como suspeitos o casal que realizou uma doação de peixes à família. De acordo com as investigações, o arroz consumido no almoço foi preparado na noite de 31 de dezembro, por volta das 19h. Segundo o depoimento de um dos sobreviventes, nenhuma pessoa fora do núcleo familiar teve acesso à residência durante o preparo da refeição.
O caso, investigado pelo delegado Abimael Silva, da Delegacia de Homicídios de Parnaíba, ainda aguarda os resultados de novos exames periciais para esclarecer as circunstâncias do incidente e determinar se o envenenamento tem relação com a morte dos filhos de Francisca no ano anterior, que teriam ingerido cajus com raticida.
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O que é a substância tóxica?
O terbufós é um composto químico utilizado como pesticida organofosforado, amplamente empregado na agricultura para o controle de pragas no solo que afetam culturas como milho, batata, beterraba, e outros produtos agrícolas.
Ele atua como inseticida e nematicida, sendo efetivo contra insetos e vermes que vivem no solo.
O composto é altamente tóxico para seres humanos. A exposição pode ocorrer por contato direto, inalação ou ingestão, causando uma série de sintomas graves.
Por ser extremamente tóxico a quaisquer animais, o terbufós, é utilizado ilegalmente como rodenticida (raticida). Isto alimenta o comércio clandestino deste pesticida que tem o uso proibido como rodenticida (raticida) ou qualquer outro uso doméstico