Em áudio, namorado de Tatiana Medeiros afirma que 'agora tem vereadora na Câmara para ajudar'
A quebra do sigilo telefônico dos alvos da operação da PF revela que o namorado da vereadora Tatiana Medeiros, que foi presa ontem, sugere que integrante de facção criminosa “agora tem vereadora na câmara para ajudar”.
Trecho extraído de conversa de Alandilson Cardoso Passos, namorado de Tatiana Medeiros, e que está preso em Minas Gerais, afirma que gastou mais de R$ 1 milhão na campanha da Tatiana e que “agora tem a vereadora na câmara para ajudar, que estão com um mandato lá”.
A parlamentar foi presa em operação “Escudo eleitoral” da PF, suspeita de ligação com facção criminosa e compra de votos.
Nesta sexta-feira (4), em audiência de custódia, o juiz manteve a prisão da vereadora e ela se encontra em alojamento da Polícia Militar, no Quartel do Comando Geral. A operação cumpriu oito mandados, sendo três de prisões em Teresina e Timon (MA).
A investigação da PF revela que o padrasto da vereadora Tatiana Medeiros é apontado como operador financeiro do esquema criminoso. Stênio Ferreira foi afastado das funções públicas que exercia na Secretaria Estadual de Saúde e Assembleia Legislativa do Piauí. Além dele, o namorado da parlamentar Alandilson Passos que teve mandado de prisão preventiva decretado e uma assessora de Tatiana estão entre os investigados por suspeita de envolvimento com crimes eleitorais.
“O risco de penetração de facções criminosas no serviço público impõe medidas preventivas e rigorosas. No presente caso, há indícios robustos de que Tatiana atuará como facilitadora de interesses de um membro de organização criminosa, utilizando seu mandato para blindagem institucional e favorecimento de membros do grupo criminoso”, diz juiz em decisão.
De acordo com a investigação, as informações evidenciam uma rede de crimes organizados com fins patrimoniais, financeiros e de traficância.
“Alandilson pretendendo utilizar o poder político de Tatiana Medeiros para obter benefícios pessoais e fortalecer atividades ilícitas.
Em busca e apreensão, a PF localizou listas de eleitores e informações de que votos eram comprados por R$ 100. Em áudios em poder da polícia, Alandilson exigia que as pessoas cooptadas encaminhassem imagens do título eleitoral, do comprovante de votação e, sempre que possível, registrassem em vídeo a urna eletrônica no momento do voto.
No inquérito, a PF diz que há provas que atestam a inconsistência das despesas declaradas na campanha eleitoral de Tatiana Medeiros. Segundo documentos, há gastos de R$ 46 mil com “publicidade por materiais impressos” e que só apresenta R$ 4.100.
Entenda as medidas adotadas na operação Escudo Eleitoral por decisão judicial:
Mandado de prisão preventiva contra a vereadora Tatiana Medeiros e seu namorado Alandilson Passos, que já está preso em Minas Gerais;
Afastamento das funções públicas do padrasto de Tatiana, Stênio Ferreira na Sesapi e Alepi; da assessora Emanuelly Pinho que atuava na Câmara e no Instituto Vamos Juntos e da própria vereadora. Todos não podem ter acesso ou frequência às dependências dos prédios e de manter contato com os servidores daquele órgão;
Suspensão das atividades da ONG Instituto Vamos Juntos, bem como a suspensão de recebimento de recursos públicos;
Indisponibilidade e bloqueio imediato de ativos financeiros de Alandilson Passos em todas as contas bancárias e aplicações financeiras em nome do investigado no valor de R$ 1 milhão;
Apreensão e indisponibilidade do veiculo da mãe da Tatiana Medeiros, Maria Odélia Medeiros.
Na investigação consta que o Instituto Vamos Juntos realizava cadastros irregulares de famílias para o controle dos votos e repasses de financeiros a "lideranças" que possivelmente facilitaram a prática de compra de votos.
Na primeira operação da PF “Escudo Eleitoral” foi apreendido R$ 97 mil na residência e no escritório da vereadora.